Índice

 

APC – Ficha técnica

 

 

Ciclídeos africanos p/ aquários de 200 litros (2ª parte)

2

por Manuel Zapater

 

 

 

Expedição FM Bijagós 2004

6

por Miguel Figueiredo

 

 

 

Os Ciclídeos-Gobio do Lago Tanganyika

8

 por Alain Zimmer

 

Parachromis managuense

13

por José L. Blanco

 

 

 

Ciclídeo Notícias

16

por Paulo José Alves

 

 

 

Cooperativa APC

16

 

 


 

Editorial

por Paulo José Alves

Presidente da APC (#2)

 Uma das realidades da aquariofilia em geral e da ciclídofilia em particular com que temos de lidar é o alto grau de consanguinidade de quase todos os peixes que possuímos. A história é sempre a mesma, é capturado um pequeno grupo de peixes de uma mesma espécie, ciclídeos por exemplo, e a partir desse pequeno núcleo faz-se uma reprodução sistemática. Dos três, quatro ou seis casais é produzida uma linhagem que em muitos casos de espécies reproduzidas comercialmente atinge já as dezenas ou mesmo centenas de milhares de descendentes e ao longo de muitos anos. Esta é a situação clássica, um pequeno grupo original que é perpetuado até à geração F 1000 e com um impressionante e inevitável grau de consanguinidade. Em alguns casos o resultado é patético como com os Microgeophagus ramirezi reproduzidos em Singapura em que, como costumo dizer, basta olhar para eles para que morram… Estes exemplares estão tão degenerados geneticamente que lhes falta completamente um mínimo de vigor e de saúde como têm os seus irmãos selvagens ou até as estirpes Europeias e Norte Americanas. Mas como são mais baratos… A nível doméstico o criar de irmãos com irmãos contínua quase inevitavelmente. Quando compra-mos na loja estamos a comprar quase sempre irmãos, quando nos dão crias estamos é claro também a levar irmãos. As consequências a médio e longo prazo deste “incesto” genético são o deteriorar do vigor, falta de resistência a doenças, menor fecundidade, menos cores e com menor brilho, a morfologia do corpo que começa a fugir ao standard do selvagem, etc. O que fazer? Devemos sempre informarmo-nos da origem dos peixes que vamos receber, saber se alguém tem da mesma espécie e população de modo a mais tarde se poder trocar espécimes. No nosso mercado aparecem, para quem sabe onde procurar, e para o criador mais exigente, espécimes selvagens que naturalmente estão isentos de qualquer consanguinidade, são claro mais caros e há um risco na adaptação, mas a qualidade genética é inatacável. Na APC estamos empenhados em que o standard dos ciclídeos mantidos em Portugal seja o melhor possível estando a direcção a envidar esforços nesse sentido. ¥


Expedição FM Bijagós 2004

 Encontrar peixe ou não era a questão

Artigo e fotos de Miguel Figueiredo; APC #1

Sempre me atraiu procurar peixes em regiões inesperadas. Talvez porque todos os outros locais já tenham sido explorados ou talvez porque esses peixes acabam por ser tão especiais como as zonas de onde provém.

Lembro-me que fiz duas expedições ao sul de Marrocos, na tentativa de encontrar a Tilapia zilli dos Montes Atlas. Só na segunda tive sucesso. Quando perguntava aos Berberes “Viram este peixe?”, mostrando uma desgastada imagem da tilápia, eles faziam um olhar de espanto, seguido de um sorriso trocista. Um deles chegou mesmo a perguntar: “Então vocês vêm para o deserto à procura de peixes?!” 

Ao que parece, convém procurar os peixes em locais onde haja água...

A verdade é que elas lá estavam, no meio de sítio nenhum, num pequeno ribeiro atravessando o deserto, de água tão amarela como a restante paisagem. Talvez nem tivesse realmente água, com uns surpreendentes 108 º de GdH, seria mais pedra líquida. O certo é que estava cheio de bonitas Tilápias Zilli.

Havia peixe!

Em Bijagós a questão que se colocava era semelhante: mas afinal quem vai para o Oceano Atlântico à procura de peixes de água doce?

Ao contrário do que se passara com a Tilapia zilli, não existiam quaisquer estudos sobre os peixes de água doce em Bijagós. Consegui entusiasmar alguns amigos com a ideia, mas estava perfeitamente consciente que a eventual presença destes peixes era sobretudo uma dedução teórica.

Os poucos dados concretos que tinha, eram de alguns portugueses que conheciam a zona, e diziam ter visto peixes em charcos de água doce, mas não os sabiam descrever… Poderiam ser meras taínhas subindo cursos de água temporários.

Text Box: Tilapia guineensis
Em último caso eu estava preparado para capturar um hipopótamo. Este sim, era certo que existia e sempre era um animal aquático! Bijagós tem a única população de hipopótamos do mundo que vive em água salgada.

Afinal havia mesmo peixe e, ao contrário do que alguns velhos do Restelo diziam, nem sequer é preciso haver água doce em permanência para que existam peixes de água doce. Se forem killies, então só precisam que de vez em quando chova bastante. Se forem ciclídeos, então basta a água salgada.

Vi os primeiros ciclídeos quando entrei no pequeno barco que nos levou de Quinhamel, no continente africano, até às ilhas de Bijagós.

- Parecem ciclídeos! - disse eu ao Delfim Machado, o outro entusiasta desta expedição.

- Estás louco. Isto é água salgada! É outro peixe qualquer.

 

Fiquei incapaz de contrariar este facto óbvio. Só mais tarde, já na Ilha de Orango, a mais de 100 km da costa, viemos a constatar existirem mesmo ciclídeos a viverem em plena água salgada, junto à praia. São chamados localmente de “ventanas” e englobam várias espécies: como o Sarotherodon melanotheron ou a Tilapia guienensis. Provavelmente colonizam os rios temporários que se formam na estação das chuvas, vivendo depois, o resto do ano, no mar.

  

 

A primeira surpresa que tivemos foi na piscina do hotel na ilha de Orango: estava cheia de ciclídeos, recolhidos precisamente na estação das chuvas, em cursos de água temporários. Encontramos aí três espécies diferentes: o Sarotherodon melanotheron, o Sarotherodon occidentalis  e a bonita Tilapia guienensis.

Mais tarde, encontraríamos peixes de água doce em todos os quatro percursos que fizemos na ilha, vivendo nos rarissímos charcos que se mantêm com água durante toda a estação seca. Ao todo identificámos doze espécies de água doce, metade das quais eram ciclídeos!

Text Box: Tilapia sp. (não identificadas)
A cada novo local que visitámos deparávamos com novas espécies e é tentador imaginar quantas outras não apareceriam com mais explorações. Acredito que apenas na ilha de Orango possam existir entre 20 e 40 espécies de água doce. Esta ilha tem 163 km2, uma dimensão semelhante à ilha do Faial, nos Açores.  

O Arquipélago de Bijagós compõe-se de mais de oitenta ilhas, dez das quais são suficientemente grandes para terem água doce todo o ano, e como tal, serem habitadas. Além da investigação da biodiversidade em peixes de água doce que se esconde em Bijagós, será interessante descobrir até que ponto poderão divergir as espécies, de ilha para ilha.

Agora que sabemos que há peixe as coisas serão mais fáceis. A próxima expedição a Bijagós está já a ser preparada. Terá lugar no próximo ano, no final da estação das chuvas. Afinal estas ilhas são um verdadeiro paraíso tropical, rico em ciclídeos, a apenas 3 horas de avião de Portugal. Para entusiastas por natureza, peixes tropicais e ciclídeos são certamente um destino muito, muito atraente. ¥

Site da expedição: http://fmbij2004.xpto.org


Associação Portuguesa de Ciclídeos

Apartado 28 – 7300 Portalegre

Direcção

 

 

direccao@apciclideos.org

 

 

 

 

Presidente

Paulo Alves

#2

 

Vice-Presidente

Anibal Pereira

#4

 

Tesoureiro

João Milhinhos

#7

tesoureiro@apciclideos.org

Secretário

Miguel Figueiredo

#1

 

Vogal

Ricardo Fonseca

#5

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mesa da Assembleia Geral

 

 

a.geral@apciclideos.org

 

 

 

 

Presidente

José Cerqueira

#11

 

Vice-Presidente

Alberto Boucinha

#12

 

Secretário

Rui Peixoto

#10

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Conselho Fiscal

 

 

c.fiscal@apciclideos.org

 

 

 

 

Presidente

Ivo Fernandes

#13

 

Vogais

Alberto Gil

#3

 

 

Luís Miguel Alves

#8

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Áreas Executivas

 

 

 

 

 

 

 

Biblioteca / Cooperativa

Paulo Alves

#2

coop@apciclideos.org

 

 

 

 

 

 

 

 

Internet

Miguel Figueiredo

#1

webmaster@apciclideos.org

 

Delfim Machado

#23

 

 

Aníbal Pereira

#4

 

Links

Luís Alves

#8

linkmaster@apciclideos.org

 

 

 

 

 

 

 

 

Sócios

João Milhinhos

#7

tesoureiro@apciclideos.org

 

 

 

 

 

 

 

 

Revista Portugal Ciclídeos

Miguel Figueiredo

#1

revista@apciclideos.org

 

Aníbal Pereira

#4

 

Publicidade / Lojas

Ricardo Fernandes

#14

pub@apciclideos.org

 

 

 

 

 

 

 

 

Núcleo Norte

Ricardo Fonseca

#5

nuc.norte@apciclideos.org 

 

João Magalhães

#45